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25 de Abril de 2024

A Carta de Palocci fala sobre quem somos!

há 7 anos

Enaltecida por uns, criticada por outros. A carta de desfiliação do ex-ministro Antonio Palocci é um documento que diz bem mais sobre o Palocci do quê a respeito de Lula e do PT. Ela fala do País que somos e dos políticos que temos. É para ler e refletir!

O Palocci não trouxe novidades em sua carta. Depois de quase três anos de Lava Jato, o brasileiro já tem uma opinião formada. Mesmo para os que acreditam que tudo não passa de uma grande conspiração "das elites" contra os mais pobres, é inegável que a corrupção tomou conta do País. Mas o Palocci provoca uma reflexão importante: até que ponto o fanatismo é capaz de cegar as pessoas para questões tão óbvias?!

Ou será que não estamos míopes? Simplesmente acreditamos que é assim mesmo. Que vale a pena ser desonesto quanto se tem um grande objetivo em mente? "Pois os fins justificam os meios!" Nesse sentido, a Carta de Palocci fala sobre os brasileiros, sobre quem somos e naquilo que acreditamos. Fala sobre os políticos que elegemos e o País que estamos construindo...

Por esse ângulo, o Lula estaria correto. Sendo ele grande redentor de um povo massacrado e explorado por séculos afins, teria o direito de fazer algumas coisas sobre as quais não se pode falar abertamente, somente na presença de aliados, na discrição da biblioteca do Alvorada. O pecado ou a reverência estaria, portanto, no ato de publicar o que se fez, não ao ser cúmplice ou crítico aos mal feitos.

É por isso que agora Palocci, o "Judas Traidor" é odiado por tantos, e também enaltecido por outros (que antes o odiavam). Palocci falou sobre presentes, financiamento espúrio da atividade política, propinas e sobre comportamento (anti)ético dos governantes. Não que ele seja santo ou honesto. Nem faz questão de fingir que é. Até porque participou ativamente daquilo que agora resolveu revelar.

Mas pensa bem, não é possível que tais revelações sejam somente criações de uma mente brilhante, digna de um roteirista de hollywood. Também não é justificável que, mesmo sendo verdade, credite-se somente a falta de caráter do delator, ao seu interesse em escapar da lava jato. É obvio que a motivação primeira é reduzir a sua pena ou ganhar o perdão judicial. Mas isso é só o primeiro impulso. Há mais motivações em Palocci, como o sentimento de abandono em alguém que dedicou a vida a uma um líder, um partido, uma causa...

Quando se viu sozinho numa cela, percebeu que o líder era um simples humano, cheio de falhas; o partido, nada além de um partido, corrompido como todos os demais, na luta pelo poder a qualquer custo; e a causa não era tão nobre. Não a ponto de valer a pensa mofar na prisão para mantê-la viva!

Em suma, o que Palocci diz em sua carta é verdade. Ele não é herói nem vilão ao fazê-lo e só o fez porque, usado e descartado, não tinha outra opção para tentar escapar das garras da justiça. Não se enganem, o Lula faria o mesmo, se tivesse essa possibilidade!

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Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/a-carta-de-palocci-fala-sobre-quem-somos/503488515

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"Quando se viu sozinho numa cela, percebeu que o líder era um simples humano, cheio de falhas; o partido, nada além de um partido, corrompido como todos os demais, na luta pelo poder a qualquer custo; e a causa não era tão nobre. Não a ponto de valer a pensa mofar na prisão para mantê-la viva!"

"Em suma, o que Palocci diz em sua carta é verdade. Ele não é herói nem vilão ao fazê-lo e só o fez porque, usado e descartado, não tinha outra opção para tentar escapar das garras da justiça. Não se enganem, o Lula faria o mesmo, se tivesse essa possibilidade!"

Acompanho o raciocínio acima e...

Parabéns pelo excelente texto reflexivo e elucidativo Prezado Colega Edson Pereira de Oliveira! continuar lendo

Lula consegui se transformar (ou se revelar) como uma pessoa sem nenhum princípio ético, um mentiroso, falastrão, traidor não apenas de um país, mas de todo eleitor que apostou em suas propostas, hoje reveladas como apenas de poder, pelo poder. Claro que Palocci tem muito mais a falar do que falou e vai soltando o que sabe na base da economia, conforme as negociações mostrarem resultados. continuar lendo

Discordo da afirmação leviana e não comprovada estatisticamente , além de ofensiva,de que essa carta expressa o "país que somos".Eu e milhões iguais a mim não são nem nunca serão assim, da mesma forma que muitos políticos não são nem nunca serão corruptos.Portanto, Sr. Articulista, vamos "abaixar um pouco essa bola" porque se a carapuça bem lhe serve, isso não significa que ela vista igualmente bem outras cabeças por aí afora. continuar lendo

Todo o sistema político-partidário brasileiro é podre.

Salvam-se apenas alguns partidos, pequenos, que, programaticamente, nunca chafurdaram na lama podre do financiamento empresarial de campanhas eleitorais, lícito ou ilícito, tanto faz porque a podridão é a mesma, uma vez que o retorno do "investimento" para o financiador, é sempre em forma de negociatas com os políticos eleitos, em acertos espúrios com o poder público tomado por estes.

Isto não apaga o inegável sucesso econômico-social da administração petista, reconhecido internacionalmente e até mesmo por vários dos adversários políticos do PT, tendo o governo de Lula alcançado níveis extraordinários, jamais vistos, de aprovação popular, tornando-se, nos tempos áureos, praticamente uma unanimidade.

A pergunta que se faz é: será que nunca iremos, nós, Povo Brasileiro, alçar-nos a uma condição de desenvolvimento socioeconômico sem termos que suportar a corrupção inata ao sistema político-partidário?

Um avanço importante foi concretizado: a proibição do financiamento empresarial de campanhas políticas. Mas isto ainda é pouco, porque continua sendo possível ao político defender interesses contrários ao do Povo e praticar atos escusos, corrompendo-se.

Penso que a melhor solução seria uma revolução, na qual um poder constituinte originário do seio do Povo estabelecesse a primeira democracia direta do mundo, em que os cidadãos votassem, não em representantes, mas nas próprias matérias a serem legisladas, via internet, estabelecendo-se carreiras para as funções públicas hoje preenchidas via eleição (Presidente, Governador, Prefeitos, Senador Deputado Federal e Estadual e Vereador), cujos cargos passariam a ser providos mediante concurso público de provas e títulos tal qual as carreiras do MP e Magistratura.

Quimeras a parte, mesmo com esse sistema político-partidário podre com o qual teremos que conviver ainda por muito tempo, é preciso fortalecer sempre as instituições que verdadeiramente prezam, a salvo das intempéries das vicissitudes político-partidárias, pela estabilidade e pela ordem social, combatendo a corrupção: o Ministério Público e o Poder Judiciário.

Saudações Jusbrasileiras a todos. continuar lendo